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O berço do futebol: Bangu Atlético Clube, o 1° do Rio

Atualizado: 22 de nov. de 2023

Por Lucas Gabriel


Fundação


A história do Bangu Atlético Clube teve seu início no final do século XIX. Na Fábrica Bangu, técnicos recém-chegados da Inglaterra introduziram o futebol e os nativos ficaram entusiasmados com as histórias sobre o novo esporte. A partir dessas conversas, surgiu a ideia de criar um campo de futebol, ou “field”, conforme os ingleses o chamavam, com isso, para a prática do jogo, então, só faltava a bola. Pois bem, nos equipamentos industriais que vinham diretamente da Inglaterra, estava lá, bem escondida em uma das diversas caixas, uma bola de couro novinha, com bomba para enchê-la e alguns pares de chuteiras.


Não demorou muito, já no início do século XX, Bangu já praticava futebol em um campo provisório cedido pela Companhia Progresso Industrial do Brasil, ao lado da Fábrica Bangu. Em dezembro de 1903, após um passeio à Inglaterra, Thomas Donohoe (ou Seu Danau, como era conhecido) trouxe mais duas bolas de futebol.


O entusiasmo pelo jogo levou Andrew Procter a sugerir a fundação de um clube. Após uma reunião preparatória, em 17 de abril de 1904, na casa nº 12 da Rua Estevão, o Bangu Athletic Club foi oficialmente fundado com a presença de diversos membros, incluindo Andrew Procter, Clarence Hibbs, Frederich Jacques, John Starck, José Soares e outros.


Primeira Casa Alvirrubra


O primeiro estádio do Bangu foi construído em uma rua paralela à área da Fábrica Bangu pelo Diretor-Gerente da Companhia e Presidente Honorário do Bangu, João Ferrer. Isso foi feito em tempo recorde para que o Bangu pudesse participar do 1° Campeonato Carioca de futebol, já que anteriormente o clube jogava em uma área dentro da Fábrica.


Em 1936, as arquibancadas da Rua Ferrer sofreram um incêndio antes de uma partida programada entre Bangu e Madureira, que acabou sendo cancelada. O local foi reconstruído e reinaugurado em 23 de maio de 1937. A sede social do Bangu, conhecida como o Pavilhão, ficava na Rua Ferrer, atrás do campo. O campo permaneceu em uso até 1943, quando partidas foram proibidas. A Fábrica decidiu vender a área, localizada no centro de Bangu e, portanto, de alto valor comercial.


Primeiro estádio do Bangu, o Campo Ferrer
Imagens do primeiro estádio do Bangu, ao fundo, a Fábrica / Foto: Reprodução/Lance

Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho


As otimistas expectativas do Dr. Silveirinha no início das obras do Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho, o Moça Bonita, em 1945, não se concretizaram como esperado. Ele prometia que em 1946 o time já estaria jogando no novo estádio, mas, como é comum em grandes obras, o prazo foi ultrapassado, resultando na inauguração em 1947.


Desde 1944, o Bangu enfrentava a necessidade de atuar longe de sua torcida, perdendo parte da vantagem que o mando de campo proporcionava. Jogar na Rua Ferrer era um desafio para os adversários, próximo às arquibancadas luxuosas, o alvirrubro era mais forte.


Na nostálgica Rua Ferrer, palco de partidas lendárias e confusões memoráveis, o Bangu construiu sua história nos primeiros 40 anos. Agora, com Moça Bonita, o alvirrubro tinha uma nova casa, moderna, segura e espaçosa, atendendo todas as exigências para os grandes jogos. A ideia era fazer de Moça Bonita um motivo de orgulho para jogadores e torcedores, assim como a Rua Ferrer representou.


Atuando fora de casa em todos os jogos, o clube teve uma campanha razoável nos Torneio Municipal e Campeonato Carioca. Era conhecido em Bangu o desejo do Dr. Silveirinha de formar uma grande equipe para pisar no novo gramado, semelhante ao esquadrão encantador da década de 30. Em 1946, as obras continuaram em ritmo acelerado, mas os jogadores do Bangu na temporada sofreram por não poderem jogar perto da torcida no novo estádio em construção.


O estádio ficou pronto no final de 1947, porém, sua estreia oficial ocorreu apenas no dia 28/03/1948, com Joel Rezende fazendo o primeiro gol da casa nova, o Bangu venceu o Flamengo por 4x2.



Imagem de vista aérea do Estádio Moça Bonita em Bangu
Imagem do Estádio Moça Bonita na sua inauguração em 1948 / Foto:Reprodução/ Site do Bangu

76 anos do Moça Bonita


No dia 15/11, o Bangu Atlético Clube celebra o 76° aniversário de seu templo sagrado, o Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho, o nosso grande Moça Bonita. Desde sua inauguração, este estádio tornou-se mais do que um simples campo de futebol; é um símbolo de tradição, paixão e identidade para os torcedores alvirrubros. Moça Bonita não é apenas um estádio, mas uma testemunha viva da rica história do Bangu.


Desde então, tornou-se palco de inúmeras conquistas e momentos memoráveis que ecoam através das décadas. As arquibancadas de concreto, têm sido testemunhas de vitórias gloriosas e desafios superados e de festas e mais festas da sua fiel e apaixonada torcida. É nas curvas de Moça Bonita que o verdadeiro se manifesta, onde os grandes se tornam ídolos e deixam suas marcas para a eternidade.


O estádio passou por renovações ao longo dos anos para atender às exigências modernas, mantendo-se como um palco digno dos desafios do futebol contemporâneo. Porém, mantendo as raízes do espírito banguense que fica estampado de uma ponta a outra do Gigante do Proletário. À medida que o Bangu olha para o futuro, o Moça Bonita permanece como o alicerce sólido sobre o qual o clube construirá suas futuras glórias.


A celebração de seus 76 anos é mais do que uma marca no calendário; é um tributo à história rica e às páginas ainda não escritas que serão preenchidas. Que Moça Bonita continue a ecoar com o rugir da torcida e a magia do futebol, pois cada jogo é uma continuação da saga que começou há 76 anos e que não há de acabar nunca.


Porque é aquilo, Caiu no forno, esquece!

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