Lembra disso? Uruguaio especialista em pênaltis chegava como o grande reforço do Bangu para o ‘Cariocão’ de 2017
- João Vitor Cravo
- 8 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Para espantar a ressaca da eliminação do Brasil para o Uruguai na Copa América, vem relembrar a passagem de ‘El Loco’ Abreu por Moça Bonita.
O ano era 2017. O atual campeão carioca era o Vasco, batendo o Botafogo na final. O Flamengo tinha a base do time que chegaria nas finais da Copa do Brasil e da Conmebol Sulamericana daquele ano. O Fluminense ainda contava com Fred. O Botafogo era aquele que faria grande campanha na Conmebol Libertadores, somente caindo para o campeão Grêmio nas quartas de final.
Enquanto isso, o Bangu amargava campanhas decepcionantes nas últimas edições do ‘Cariocão’, muitas vezes terminando fora inclusive da Taça Rio – no regulamento da época, um mata-mata complementar do Campeonato Carioca, envolvendo as equipes que não se classificaram para as semifinais principais.
Para espantar a má fase, o presidente banguense Jorge Varela lembrou de um uruguaio que estava muito sumido. Tendo como grande momento de sua carreira a lendária ‘cavadinha’ na disputa de pênaltis contra Gana, nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010, ‘Loco’ Abreu já conhecia muito bem o futebol carioca. Sua passagem pelo Botafogo começou em 2010 – sendo jogador do Alvinegro durante a Copa – e, após um curto empréstimo ao Figueirense, só foi terminar em 2013.
Pelo Glorioso, jogou mais de 100 partidas, marcando 62 gols e virando ídolo. De saída do Brasil, voltou ao seu país para jogar pelo Nacional. A partir daí, rodou por clubes da Argentina, Equador e Uruguai, chegando em 2016 no pouco conhecido Santa Tecla, de El Salvador. Por lá, foi artilheiro, foi campeão da liga marcando dois gols na final e largou a sua tradicional camisa 13, para evitar a referência à facção criminosa Mara Salvatrucha (MS13).
Com isso, chegou ao Bangu para vestir o curioso número 113, em alusão ao aniversário que o clube carioca completaria naquele ano. Tendo direito a apresentação de gala, ‘El Loco’ chegou com moral, sendo a esperança de gols de uma equipe que buscava desempenhos melhores.
Assim se iniciou o Campeonato Carioca de 2017. Logo no primeiro jogo, Sebastián Abreu já marcou seu primeiro gol com a camisa Alvirrubra, em empate contra a Portuguesa. Na partida seguinte, um adversário mais difícil: o Vasco.
Aos 30 minutos do primeiro tempo contra o Cruzmaltino, ‘Loco’ Abreu viu cair no seu colo a oportunidade de marcar seu gol de número 400 na carreira. Dentro da área, Peralta – outro estrangeiro, esse colombiano, que jogava no Bangu – recebeu uma bola enfiada e foi derrubado pelo goleiro vascaíno Jordi.
Capitão da equipe, o atacante uruguaio, conhecido por sua batida de pênalti característica, partiu para a cobrança. Ironicamente, perdeu a oportunidade. Provavelmente porque não bateu de ‘cavadinha’.
Aos 38, Guilherme Costa abriu o placar para o Vasco. Porém, mesmo atrás do placar, o camisa 113 banguense não desistiu. Logo no início do segundo tempo, após cobrança de falta de Leandro Chaves, ‘El Loco’ estava lá para cabecear para o fundo das redes, empatando a partida e marcando seu 400º gol. No fim, o Vasco acabou vencendo por 3x1, o que não apagou o grande feito do uruguaio.
Na partida seguinte, contra o Volta Redonda, Sebastián Abreu marcou seu 3º gol em 3 jogos com a camisa do Bangu, um início arrasador e inesperado para os que subestimaram o atacante. Apesar do bom desempenho individual, sua equipe não vinha conquistando bons resultados. Nos primeiros 3 jogos, pela Taça Guanabara, foram 2 empates e 1 derrota.
Com mais uma derrota, agora para o Fluminense, e a primeira vitória, contra o Resende, o Bangu conseguiu se classificar para a Taça Rio - que, naquele ano, passou a ser apenas uma segunda fase de grupos do Carioca. A partir daí, ‘Loco’ Abreu e sua equipe caíram de produção.
O atacante não fez mais gols, terminando o campeonato com 3 bolas na rede em 10 jogos. Enquanto isso, o Gigante da Zona Oeste fechou sua participação como último colocado do seu grupo, conquistando apenas 1 vitória nas 6 partidas que vieram.
Entre elogios pela classificação para a Taça Rio e frustrações por conta do desempenho ruim nessa segunda fase, o Bangu se despediu do ‘Cariocão’ 2017. Também se despediu de ‘Loco’ Abreu, que, depois de matar a saudade do futebol carioca, voltou ao seu país para jogar no Central Español.
Só teve um problema: não deu tempo do futebol carioca matar a saudade do ‘Loco’ Abreu. Até hoje, o atacante uruguaio gera opiniões marcantes, tanto dos que o adoraram, quanto dos que o detestaram. Dessa forma, ‘El Loco’ ficou marcado na lembrança dos cariocas e na história do futebol da Cidade Maravilhosa. Por isso, o lendário camisa 13 da ‘cavadinha’ foi lembrado agora, 7 anos depois de se despedir de Moça Bonita.
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