Americano: Os 110 anos recém completos de muita história
- futebolperiferico
- 1 de jun. de 2024
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Atualizado: 5 de jun. de 2024
O time de Campo dos Goytacazes faz aniversário neste primeiro de junho e o Futebol Periférico relembra a história deste gigante adormecido.
Por Alessandra Souza e Andressa Simões
Há 110 anos, no mês de abril de 1914, esteve em Campos para jogar contra um combinado local, o time do America Football Club, uma das melhores equipes do Brasil na época e que era o atual campeão carioca. O jogo deveria ser contra uma equipe formada pelos melhores jogadores da cidade, mas o presidente da Liga de Futebol, Múcio da Paixão, resolveu que o time teria dois jogadores de cada time. Isso não foi aceito por muitos dos atletas que acabaram formando uma outra equipe para também enfrentar os cariocas, contrariando a vontade do dirigente maior da Liga Campista. E começava, assim, a história de um time que era para se chamar, na realidade, América Football Club.
Tudo por conta de uma sugestão de Belfort Duarte, patrono do clube rubro do Rio de Janeiro. No entanto, por intervenção dos irmãos Bertoni, uruguaios que jogavam no time do Rio, e que ficaram em Campos por uns dias como convidados dos irmãos Pamplona, o clube se chamaria Americano Futebol Clube, nome de um antigo time de São Paulo, pelo qual os uruguaios haviam jogado e que tinha fechado as portas sem conhecer o desgosto de uma derrota sequer. A ideia logo conquistou os adeptos e esse foi o nome de batismo do novo clube.
Diretamente da cidade de Campos dos Goytacazes, o time alvinegro orgulha seus torcedores por ter o inédito título de eneacampeão campista do interior do Rio de Janeiro. Além disso, ostenta a posição de maior vencedor da história do Campeonato Fluminense de Futebol (relativo ao Estado do Rio de Janeiro pré-fusão com o Estado da Guanabara).
Em 1922, o Americano Futebol Clube foi campeão do primeiro Torneio Preparatório. Nesse mesmo ano, com apenas 8 anos de vida, o Americano disputou uma partida amistosa contra a seleção do Uruguai, que viria a ser campeã olímpica dois anos depois, se sagrando vencedor,o placar foi de vitória por 3 a zero. Já no ano seguinte, o Americano fez sua primeira partida contra um dos quatro grandes do Rio de Janeiro, ganhando por goleada de 5 a zero no CR Flamengo.
Décadas de 60 e 70:
O Americano viveu seus “anos dourados”.
Em 1966, o time foi vice-campeão da Zona Central da Taça Brasil. Entre os anos de 1967 e 1975, o Americano somou os nove títulos campistas seguidos e foi incluído na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro, como parte da fusão entre os dois Estados. Seu melhor desempenho na competição foi a 27° colocação em 1978, entre 74 participantes. O maior clube da cidade de Campos dos Goytacazes, o Americano ingressou no Campeonato Carioca em 1976 (antes mesmo da fusão das entidades) que disputa até os dias de hoje.
O jogo decisivo do Campeonato Campista de 1975 e que consagrou o Americano nove vezes seguidas campeão, foi disputado na noite de 17 de fevereiro de 1976. O Jornal dos Sports do dia seguinte publicava: Com um gol de Paulo Roberto, de pênalti, aos 40 minutos da fase final, o Americano sagrou-se eneacampeão campista de futebol ao derrotar o Goytacaz, ontem à noite, no Estádio Godofredo Cruz, na terceira partida da série melhor de quatro pontos, que indicou o campeão de 1975.
Décadas de 80 e 90:
O Brasil já era pequeno para o alvinegro campista.
Nessa época, o Americano desbravava novos ares, disputando torneios internacionais e deixando sua marca de vitórias pelo mundo pelos anos de 1981, 1984, 1986 e 1996 jogando no Oriente Médio e Ásia. Nesse período, venceu times como o Al-Ahli Saudi Football Club por 2x0, a Seleção de Oman que foi goleada por 4×1, goleou a Seleção da Malásia por 4×0, derrotou a Seleção de Dubai por 1×0, derrotou o Al Nasser por 1×0 e derrotou a Seleção da Arábia Saudita por 1×0.
Em 1987, representou o Estado do Rio de Janeiro no Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, sagrando-se campeão, numa final histórica contra a Seleção de São Paulo que ostentava cinco jogadores da Seleção Brasileira. Atuou trinta vezes no Campeonato Brasileiro de Futebol, sendo 7 vezes na Série A, 18 na Série B e 5 na Série C. Foi campeão do Módulo Azul - um dos dois módulos equivalentes à Série B - em 1987, vice-campeão da Série B 1986, apesar de não ser reconhecido pela CBF e quarto colocado em 3 edições (1988, 1991,1994). Em 15 de março de 1980, o Americano aplicou sua maior goleada em campeonatos brasileiros, ao derrotar o Botafogo-BA por 7 a 0 na casa do adversário.
Os Anos 2000:
Suas poucas, mas memoráveis vitórias.
A conquista mais emblemática desses anos certamente foi a Taça Guanabara de 2002. A vitória por 2 a 1 diante do Vasco foi celebrada com invasão de campo e alguma confusão no estádio Godofredo Cruz, em Campos dos Goytacazes. O jogo começou tenso, com algumas confusões entre os jogadores e arbitragem, no entanto, aos 38, Romário abriu o placar, após passe de Léo Moura. No entanto, Luciano Viana igualou o duelo, após boa jogada de Pelica, que cruzou da esquerda para o atacante marcar, aos 20 da etapa final.
Apenas três minutos depois, Vianna fez o da virada, em lançamento de Wederson. O jogador do Americano avançou, deu um chega pra lá no defensor do Vasco, escapou de Helton e tocou para o gol livre. O triunfo levou o Americano aos 23 pontos, dois a mais que o próprio Vasco, e garantiu a inédita taça ao clube. A equipe conquistaria a Taça Rio. Na final do campeonato, no entanto, perderia a disputa em dois jogos contra o Fluminense.
Em 2008, após muitos anos sem confrontos internacionais, o Americano enfrentou o Huracán Buceo, do Uruguai, em 2008, no Estádio Godofredo Cruz, vencendo a partida amistosa pelo placar de 4 a 0.
No ano de 2009, eliminou nos pênaltis o Botafogo, em confronto válido pela segunda fase da Copa do Brasil de 2009. No mesmo ano, se sagrou campeão do Torneio Moisés Mathias de Andrade , após derrotar por 1×0 a equipe do Mesquita Futebol Clube no Maracanã com um gol do atacante Kieza, aos 44 minutos do segundo tempo.
Americano Atualmente
O Americano mandava os seus jogos no Estádio Godofredo Cruz, que já teve capacidade para 25.000 espectadores. Porém, em 2009, o estádio teve a capacidade reduzida para 9 000 pessoas pela Defesa Civil, por motivos de segurança, que veio a ser demolido para construção de edificações com a promessa que em troca dessa área seria construído um novo estádio e um CT para a equipe e que essas obras seriam entregues em 3 anos.
Em troca, pela venda do terreno onde ficava o estádio, a Imbeg, empresa de Campos especializada em construções civis, custeou a edificação do início ao fim do novo centro de treinamento do clube na cidade, localizado no bairro de Guarus. O Centro de Treinamento Eduardo Viana, novo endereço do clube, centralizará toda e qualquer atividade do Americano, e o último passo dos planos do clube é construir ali um estádio com capacidade de 11 mil pessoas.
Nesses últimos anos o gigante adormeceu, seu último título foi em 2018, a Copa Rio (campeonato secundário da Federação do Rio de Janeiro que dá vaga em torneios nacionais). Em 2017, chegou à final mas foi superado pelo Boavista. O vice rendeu ao Americano vaga na série D de 2018, última vez que disputou uma divisão do Brasileiro.
Em 2019 jogou a Copa do Brasil. 3 anos depois. chegou até a semifinal da Copa Rio, parando no Volta Redonda. No Carioca A2, chegou até a final de um dos turnos, mas não conseguiu o acesso. Em 2023 disputou a série A2 e ficou em quinto, a uma posição da zona de classificação para a próxima fase, e a Copa Rio, edição na qual caiu na primeira fase. Agora, em 2024, disputa o Carioca A2 em busca do tão sonhado acesso.
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